Concepções de professores de Biologia do Ensino Médio público Estadual de Salvador sobre a variedade de orientações sexuais.
Título
Concepções de professores de Biologia do Ensino Médio público Estadual de Salvador sobre a variedade de orientações sexuais.
Concepções de professores de Biologia do Ensino Médio público Estadual de Salvador sobre a variedade de orientações sexuais.
Ensino, História e Filosofia da Ciência
Autor
Valter Forastieri Cova
Valter Forastieri Cova
Orientação
Charbel Niño El-Hani
Charbel Niño El-Hani
Instituição
UFBA
UFBA
Grau de Titulação
Mestrado
Mestrado
Unidade / Setor
Instituto de Física
Instituto de Física
Ano
2004
2004
Cidade / UF
Salvador/BA
Salvador/BA
Dependência Administrativa:
Federal
Federal
Resumo
A orientação sexual consiste na atração sexual do indivíduo por um determinado gênero. O termo atração é entendido, neste contexto, em um sentido amplo, envolvendo também componentes cognitivos, como desejo e fantasias sexuais. Esta característica se apresenta de diversas formas. De maneira geral, pode-se denominar pessoas que se sentem atraídas pelo gênero oposto heterossexuais; pessoas atraídas pelo mesmo gênero, homossexuais; e pessoas atraídas por ambos os gêneros, bissexuais. Encontram-se, na literatura, recomendações de que os professores que trabalham com alunos adolescentes ou adultos abordem sistematicamente o tema variedade de orientações sexuais. Isso responderia à frustração dos alunos não-heterossexuais, que não têm seus estilos de vida retratados nos debates escolares, daria referenciais de comportamento para estes alunos, incentivaria o respeito e a tolerância dos estudantes heterossexuais face às orientações não-heterossexuais, bem como os capacitaria para discutir questões sobre os direitos dos homossexuais, diante das quais futuros cidadãos devem estar preparados para opinar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) recomendam que, ao tratar de assuntos relacionados à sexualidade, o tópico Orientação Sexual seja incluído, sendo trabalhado de maneira informativa e de modo a não disseminar preconceitos. Porém, a orientação sexual é um tema polêmico, tanto no que diz respeito a questões morais, quanto no campo científico, no qual se encontra um grande número de controvérsias sobre os fatores envolvidos em seu desenvolvimento e suas inter-relações. Geralmente, cabe ao professor de Biologia abordar temas relacionados à sexualidade. Logo, para uma inclusão apropriada do tema diversidade de orientações sexuais no contexto escolar, é necessário avaliar as concepções de tais professores a seu respeito. Em vista dessa necessidade, realizamos uma enquete com professores de Biologia da rede pública estadual da cidade de Salvador (BA), para investigar seus julgamentos morais sobre a diversidade de orientações sexuais e suas visões sobre o desenvolvimento da orientação sexual. Os resultados obtidos permitiram constatar que poucos professores abordam a orientação sexual em suas aulas e a maioria não se considera capacitada para trabalhar com o tema. Porém, predominou, na amostra estudada, o desejo de abordar o tema, o que mostra ser importante fornecer aos professores subsídios apropriados para esta abordagem. Muitos professores acreditam na ideia equivocada de que a orientação sexual seria, pura e simplesmente, uma opção, sem uma história na qual uma variedade de fatores pode tornar um indivíduo mais predisposto a apresentar uma orientação heterossexual ou não-heterossexual. Entre os professores estudados, predominaram julgamentos morais positivos sobre a homossexualidade, principalmente entre os mais jovens, sendo este um achado relevante no que concerne a um tratamento balanceado do tema nas salas de aula. Em relação ao desenvolvimento da orientação sexual, a maior parte dos professores estudados apresentou concepções influenciadas pelo reducionismo biológico. A crença no papel da variação dos hormônios sexuais no indivíduo adulto como fator responsável pelo desenvolvimento da orientação sexual foi mais frequente, na amostra estudada, do que o reducionismo genético. Os modelos psicanalíticos que associam certas configurações familiares problemáticas à homossexualidade não foram frequentes entre os professores investigados. Os resultados também apontaram que os professores estudados não estavam devidamente informados sobre as pesquisas científicas recentes sobre a orientação sexual. Os meios de comunicação de massa foram apontados como os veículos que mais fornecem informação sobre este tema, o que é motivo de preocupação, em vista das distorções frequentemente encontradas na maneira como tais veículos tratam do assunto. Constatou-se a necessidade de dar acesso aos professores a ideias e evidências científicas mais atualizadas. Porém, dadas as controvérsias que envolvem a orientação sexual, mesmo dentro do campo científico, concluiu-se que é também necessário propiciar ao professor uma melhor compreensão das dimensões históricas e filosóficas da atividade científica, tornando-o capaz de analisar criticamente os achados e as teorias científicas sobre este traço.
A orientação sexual consiste na atração sexual do indivíduo por um determinado gênero. O termo atração é entendido, neste contexto, em um sentido amplo, envolvendo também componentes cognitivos, como desejo e fantasias sexuais. Esta característica se apresenta de diversas formas. De maneira geral, pode-se denominar pessoas que se sentem atraídas pelo gênero oposto heterossexuais; pessoas atraídas pelo mesmo gênero, homossexuais; e pessoas atraídas por ambos os gêneros, bissexuais. Encontram-se, na literatura, recomendações de que os professores que trabalham com alunos adolescentes ou adultos abordem sistematicamente o tema variedade de orientações sexuais. Isso responderia à frustração dos alunos não-heterossexuais, que não têm seus estilos de vida retratados nos debates escolares, daria referenciais de comportamento para estes alunos, incentivaria o respeito e a tolerância dos estudantes heterossexuais face às orientações não-heterossexuais, bem como os capacitaria para discutir questões sobre os direitos dos homossexuais, diante das quais futuros cidadãos devem estar preparados para opinar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) recomendam que, ao tratar de assuntos relacionados à sexualidade, o tópico Orientação Sexual seja incluído, sendo trabalhado de maneira informativa e de modo a não disseminar preconceitos. Porém, a orientação sexual é um tema polêmico, tanto no que diz respeito a questões morais, quanto no campo científico, no qual se encontra um grande número de controvérsias sobre os fatores envolvidos em seu desenvolvimento e suas inter-relações. Geralmente, cabe ao professor de Biologia abordar temas relacionados à sexualidade. Logo, para uma inclusão apropriada do tema diversidade de orientações sexuais no contexto escolar, é necessário avaliar as concepções de tais professores a seu respeito. Em vista dessa necessidade, realizamos uma enquete com professores de Biologia da rede pública estadual da cidade de Salvador (BA), para investigar seus julgamentos morais sobre a diversidade de orientações sexuais e suas visões sobre o desenvolvimento da orientação sexual. Os resultados obtidos permitiram constatar que poucos professores abordam a orientação sexual em suas aulas e a maioria não se considera capacitada para trabalhar com o tema. Porém, predominou, na amostra estudada, o desejo de abordar o tema, o que mostra ser importante fornecer aos professores subsídios apropriados para esta abordagem. Muitos professores acreditam na ideia equivocada de que a orientação sexual seria, pura e simplesmente, uma opção, sem uma história na qual uma variedade de fatores pode tornar um indivíduo mais predisposto a apresentar uma orientação heterossexual ou não-heterossexual. Entre os professores estudados, predominaram julgamentos morais positivos sobre a homossexualidade, principalmente entre os mais jovens, sendo este um achado relevante no que concerne a um tratamento balanceado do tema nas salas de aula. Em relação ao desenvolvimento da orientação sexual, a maior parte dos professores estudados apresentou concepções influenciadas pelo reducionismo biológico. A crença no papel da variação dos hormônios sexuais no indivíduo adulto como fator responsável pelo desenvolvimento da orientação sexual foi mais frequente, na amostra estudada, do que o reducionismo genético. Os modelos psicanalíticos que associam certas configurações familiares problemáticas à homossexualidade não foram frequentes entre os professores investigados. Os resultados também apontaram que os professores estudados não estavam devidamente informados sobre as pesquisas científicas recentes sobre a orientação sexual. Os meios de comunicação de massa foram apontados como os veículos que mais fornecem informação sobre este tema, o que é motivo de preocupação, em vista das distorções frequentemente encontradas na maneira como tais veículos tratam do assunto. Constatou-se a necessidade de dar acesso aos professores a ideias e evidências científicas mais atualizadas. Porém, dadas as controvérsias que envolvem a orientação sexual, mesmo dentro do campo científico, concluiu-se que é também necessário propiciar ao professor uma melhor compreensão das dimensões históricas e filosóficas da atividade científica, tornando-o capaz de analisar criticamente os achados e as teorias científicas sobre este traço.
Palavras Chave
Sexualidade; Orientação Sexual; Concepções de Professores; História da Ciência
Sexualidade; Orientação Sexual; Concepções de Professores; História da Ciência
Classificações
Nível escolar
Ensino Médio
Ensino Médio
Área do conteudo
Biologia
Biologia
Foco Temático
Características do Professor
Características do Professor