Motivação para aprender Ciências: Estudantes investigam conhecimentos populares sobre plantas medicinais na 8ª série do ensino fundamental.

Autor
Marcello Paul Casanova

Orientação
José Moysés Alves

Grau de Titulação
Mestrado

Unidade / Setor
Setor de Educação

Cidade / UF
Curitiba/PR

Dependência Administrativa:
Federal

Resumo
Professores ainda se queixam bastante sobre a presença de alunos desmotivados em suas salas de aula. Isto também acontece em relação às aulas de ciências. A pesquisa sobre a motivação dos estudantes tem apresentado contribuições importantes para entender como ocorre o processo de ensino-aprendizagem nas escolas. Metas de realização, autoconceito, autoestima, crenças de autoeficácia, metodologias de ensino, relação professor-aluno, são algumas das variáveis estudadas nestas pesquisas. Mas, em nosso meio, ainda são poucas as pesquisas sobre a motivação do aluno em aulas de ciências, especialmente no contexto de ensino com pesquisa. Espera-se que este seja um contexto motivador para os alunos, desenvolvendo neles metas de aprendizagem e autoconceito positivo. Deste modo, objetivei no presente estudo explorar a motivação de estudantes neste contexto de ensino particular. Verifiquei a ocorrência de transformações em suas metas de realização e autoconceitos, antes e após a realização de um projeto de ensino. Analisei a relação das metas e do autoconceito, com a frequência, a participação e o aprendizado. Realizei a pesquisa em uma escola pública no município de Benfica, distrito de Benevides, com uma turma de 37 alunos da 8ª série do ensino fundamental. Sob minha orientação, os estudantes investigaram os saberes de moradores de Benfica a respeito de plantas medicinais. Apesar das dificuldades, os resultados da investigação dos alunos foram interessantes. Durante a realização deste projeto de ensino, a frequência às aulas foi decrescente. Considerei baixa a participação de 50% dos alunos e insuficiente a aprendizagem de 40% deles. A análise revelou que alunos que terminaram o projeto com autoconceito positivo e que tinham metas orientadas para aprendizagem, tanto no início quanto no final, apresentaram participação e aprendizagem melhor do que os alunos que apresentaram autoconceito negativo no final, independente do tipo de meta que explicitaram, nos dois momentos. Explorando os fatores que, segundo a avaliação dos estudantes, contribuíram para a sua motivação, encontrei, por um lado, as crenças de autoeficácia, o bom relacionamento com o professor e com os colegas, a cooperação e o diálogo em sala de aula. Por outro lado, entre os fatores que podem ter prejudicado a motivação dos estudantes, encontrei a ausência de conhecimentos prévios para realizar as tarefas demandadas pelo projeto, o excesso de timidez, a não identificação com o tema abordado, a formação de grupos rivais em sala de aula e algumas outras peculiaridades do contexto escolar e familiar. Aprendo com estes resultados que realizar o ensino com pesquisa não é, por si só, garantia de sucesso, cabendo ao professor refletir sobre os inúmeros fatores que contribuem para a motivação dos alunos. Além disso, considero que a pesquisa poderia trazer contribuições significativas se estudasse como tais fatores se organizam em configurações de sentido subjetivo para cada estudante.

Palavras Chave
motivação, autoconceito, metas de realização,