Oguntec, um Novo Tom para a Ciência na Bahia: O Desvelar de uma Proposta Pedagógica Anti-Racista para a Educação Cientifica de Jovens Negros e Negras.

Título
Oguntec, um Novo Tom para a Ciência na Bahia: O Desvelar de uma Proposta Pedagógica Anti-Racista para a Educação Cientifica de Jovens Negros e Negras.
Ensino, Filosofia e História das Ciências
Autor
Lázaro Raimundo dos Passos Cunha
Orientação
Simone Terezinha Bortoliero
Instituição
UFBA
Grau de Titulação
Mestrado
Ano
2008
/BA
Dependência Administrativa:
Federal
Resumo
Este trabalho lança luz sobre o problema da exclusão de brasileiros negros e negras dos ambientes de educação científica. Para tanto, discute o impacto social dessa exclusão e remonta à conflituosa relação entre a ciência ocidental e o “ser negro”, evidenciando o papel dessa ciência e das suas narrativas históricas na consolidação de preconceitos e estereótipos raciais. Segundo a pesquisa, esses estereótipos impõem importantes barreiras ao processo de educação dos jovens negros, os quais se vêem sistematicamente em ambientes educacionais hostis, impregnados por referências eurocêntricas, que inferiorizam e tornam invisível o legado de sua ancestralidade sendo, pois, a história oficial das ciências um importante veículo dessas iniqüidades. A busca por alternativas a esses modelos tradicionais de ensino de ciências motivou o autor a uma pesquisa-ação no Programa Oguntec, uma iniciativa de fomento à ciência para jovens negros e negras mantida pelo Instituto Cultural Steve Biko (ICSB), uma organização do movimento negro baiano com pioneirismo no Brasil na promoção de cursos para o acesso universitário de jovens negros. A referida pesquisa etnográfica conduz o leitor a conhecer uma experiência pedagógica inovadora, que tem como principais características a abordagem interdisciplinar, o anti-racismo e a conseqüente proposta de descolonização do conhecimento. Na consecução dessa proposta pedagógica, identificaram-se, no corpo docente e diretivo do Programa Oguntec, atores com forte engajamento social, que, de fato, ressignificaram o ensino de ciências, introduzindo novas referências para os conteúdos, para a metodologia e para o currículo. Foi tal o êxito dessa abordagem, que ela pôde ser registrada nas falas e nas atitudes dos jovens estudantes, os quais adquiriram uma nova postura frente as “temidas” áreas de ciência e tecnologia, concebendo o ingresso universitário nessas áreas como um sonho possível, além de desenvolver o senso crítico, a ponto de reconhecer nesses campos do saber os componentes de dominação e exclusão dos quais são vítimas. Com os achados dessa pesquisa, pretende-se contribuir com o debate em prol de propostas pedagógicas mais inclusivas para o ensino de ciência nas escolas, que respeitem o contexto multicultural da sociedade brasileira.
Palavras Chave
educação científica, jovens negros, eurocentrismo, estereótipos.

Classificações

Nível escolar
Ensino Médio
Área do conteudo
Geral
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Currículos e Programas