Ensino de genética: uma abordagem a partir dos estudos sociais da ciência e da tecnologia.

Título
Ensino de genética: uma abordagem a partir dos estudos sociais da ciência e da tecnologia.
Autor
Glaúcia Castelo Branco de Francisco
Orientação
Adolfo Ramos Lamar
Instituição
FURB
Grau de Titulação
Mestrado
Ano
2006
Cidade / UF
Blumenau/SC
Dependência Administrativa:
Municipal
Resumo
A idéia de que nas escolas se veicula uma visão de ciência, seja através do professor ou do livro didático, tem sido alvo de grande esforço e investimento entre aqueles que pesquisam sobre o ensino de ciências. Os estudos realizados têm mostrado que alunos e professores, não apenas da educação básica, mas, também da superior, manifestam visões distorcidas acerca da ciência: a-histórica, descontextualizada, linear, cumulativa e socialmente neutra. Tais distorções conformam a percepção equivocada da relação homem-natureza, a qual interfere nas decisões tomadas nos âmbitos tecnocientíficos, econômicos, políticos e sociais. As investigações avançaram, focalizando o processo de construção da ciência e sugerindo a inclusão da abordagem histórica social da ciência, nos currículos da educação científica, buscando configurar uma outra imagem de ciência. Analisando um episódio da História da Genética, a partir dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT), buscou-se, na presente dissertação de Mestrado em Educação, identificar e compreender os fatores que circunscreveram a compreensão da estrutura tridimensional do DNA, proposta por Watson e Crick (1953), incluindo os aspectos científicos, institucionais, sociais e epistemológicos, objetivando trazer à tona o caráter coletivo da ciência. A pesquisa é do tipo bibliográfica e documental, cuja fonte de dados constitui-se no relato pessoal de James Watson sobre a construção do modelo do DNA e no memorável artigo de Watson e Crick de 1953. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo a partir da obra da Bruno Latour, o qual propõe que os fatos científicos são construídos nas relações sociais entre os cientistas e os demais setores da sociedade, contrapondo-se à idéia de que a ciência se dá por acumulação de novas descobertas. Os resultados evidenciam que a história social da dupla hélice pode ser mais um recurso didático disponível aos professores, pois abarca uma série de elementos sociais que condicionam a prática científica, como por exemplo, as redes de relacionamentos, a influência de outras áreas do conhecimento, o uso do tráfico de influência para se alcançar determinados objetivos, a competição entre laboratórios, as trocas de informações ocorridas durante as conversas entre os investigadores, a busca de reconhecimento, a habilidade de persuadir a comunidade científica, a utilização de informações produzidas em outros laboratórios, todos envolvidos na busca de credibilidade científica. Ao trabalhar com a história da dupla hélice, o professor poderá transmitir uma visão de ciência menos dogmática, falível, provisória, permeada de interesses, contribuindo, assim, para uma transformação na imagem da ciência. A pesquisa sugere a utilização dos ESCT como aporte teórico nas investigações no ensino de ciências, no que tange à superação da imagem equivocada da ciência, transmitida no ambiente escolar.
Palavras Chave
ensino de genética, concepção da ciência, DNA.

Classificações

Nível escolar
Geral
Área do conteudo
Biologia
Foco Temático
História da Ciência