Comunidade de insetos em hortas escolares no município de Criciúma: análise faunística e aspectos pedagógicos.

Autor
Juçara Maria Silvano Gonçalves

Orientação
Luiz Alexandre Campos

Grau de Titulação
Mestrado

Unidade / Setor
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

Cidade / UF
Criciúma/SC

Dependência Administrativa:
Municipal

Resumo
A fauna de insetos exerce importante papel na decomposição da matéria orgânica, ciclos dos nutrientes, como fonte de alimento para outros animais,como instrumento de monitoramento do ambiente e na determinação florística da comunidade. Assim, estudos sobre a composição e estrutura das comunidades de insetos são muito importantes para o conhecimento e a conservação das relações ecológicas. Esse estudo foi realizado em seis das 69 escolas públicas municipais de Criciúma e buscou avaliar as possibilidades de abordagens didádico-pedagógicas oferecidas por uma horta escolar a partir de sua caracterização como ilha de diversidade biológica no ambiente urbano. Para tanto, foi realizado um levantamento quali-quantitativo da comunidade de insetos, com ênfase em insetos de solo, aplicando índices ecológicos para a comparação das hortas, bem como a caracterização trófica dos grupos, das hortas e do aproveitamento que os professores de Ciências fazem das mesmas. Os insetos foram coletados semanalmente, entre novembro de 2002 e maio de 2003 com o auxílio de armadilhas aéreas e de solo. Após a coleta, foram armazenados em frascos plásticos contendo solução aquosa de etanol a 70%, para triagem e identificação em laboratório. Os espécimes foram identificados até Família e Subfamília, quando possível. Foram calculados os índices de diversidade de Margalef (DMg), Menhinick (DMn), McIntosh (U), Hill (N1 e N2), Brillouin (HB) e Alfa, de similaridade de Jaccard (Cj) e Sorensen (Ccs), Sorensen de abundância (Cn) e Morisita-Horn (Cmh). Os resultados foram comparados aos modelos de abundância "Geometric series", "Log series", "Log normal" e "Broken stick". Foram capturados 3257 indivíduos, sendo 296 em armadilha aérea e 2961 em armadilha de solo, compreendendo 11 ordens, 61 famílias e 96 morfo-espécies. A ordem Coleóptera foi a mais representativa, apresentando 25% do total de famílias, seguida de Hemiptera (19%) e Hymenoptera (16%). A família Scolytidae (Coleoptera) foi a mais comum, presente nas seis unidades amostrais, seguida de Formicidade (Hymenoptera) presente em cinco delas. A comunidade de insetos nas seis hortas amostradas apresenta grande diversidade alimentar, predominando os herbívoros seguidos dos detrítivoros, carnívoros e fungívoros. Verificou-se a presença de um número pequeno de espécies comuns a todas as hortas e um elevado número de espécies exclusivas, indicando a possível especificidade de algumas espécies quanto a microhabitats. As comunidades estudadas adequaram-se ao modelo Log Series. A baixa diversidade vegetal encontrada nas hortas (3 a 5 espécies cultivadas) resulta da forma de cultivo e manejo, que não permite o estabelecimento de plantas invasoras. As escolas em áreas rurais apresentaram as maiores hortas; em 78% das escolas a horta é utilizada como recurso didático e a escolha dos cultivares é definida de acordo com a utilização na merenda escolar. A partir dos resultados obtidos, sugere-se a utilização da armadilha de solo adaptada para coleta de insetos vivos, possibilitando seu uso em atividades pedagógicas de Ciências junto aos alunos do Ensino Fundamental.

Palavras Chave
insetos, horta escolar, biodiversidade, ecologia comunidades