O conhecimento biológico nas exposições de museus de Ciências: análise do processo de construção do discurso expositivo.
Título
O conhecimento biológico nas exposições de museus de Ciências: análise do processo de construção do discurso expositivo.
O conhecimento biológico nas exposições de museus de Ciências: análise do processo de construção do discurso expositivo.
Autor
Martha Marandino
Martha Marandino
Orientação
Myriam Krasilchik
Myriam Krasilchik
Instituição
USP
USP
Grau de Titulação
Doutorado
Doutorado
Unidade / Setor
Faculdade de Educação
Faculdade de Educação
Ano
2001
2001
Cidade / UF
São Paulo/SP
São Paulo/SP
Dependência Administrativa:
Estadual
Estadual
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo compreender o processo de construção do discurso expositivo em exposições de museus de ciências que trabalham com temáticas ligadas à biologia. Foram caracterizados os diferentes discursos e saberes que estão em jogo nesta construção, identificando o que ocorre com o conhecimento científico ao ser expresso em exposições. A abordagem metodológica se fundamentou no referencial da pesquisa qualitativa e foram selecionadas cinco exposições dos seguintes museus: Museu de Zoologia, Museu de Anatomia Veterinária, Museu Oceanográfico, Estação Ciência, todos da Universidade de São Paulo (SP), e Museu da Vida - Espaço Biodescoberta, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ). Quanto ao referencial teórico, utilizou-se, inicialmente, o conceito de transposição didática proposto por Chevallard, mais especificamente de transposição museográfica indicado por Simmoneux e Jacobi, para discussão do processo de transformação do conhecimento científico. Com a percepção dos limites de aplicação desses conceitos, novos referenciais foram utilizados, e o foco da pesquisa se direcionou então para o estudo da construção do discurso expositivo e da relação entre este e os discursos científico e pedagógico. Utilizou-se o conceito de discurso pedagógico de Bernstein e referenciais do campo da comunicação em museus, a partir dos trabalhos de Davallon. A partir do estudo articulado da história da biologia e da história dos museus as exposições foram descritas e foram analisados elementos como os textos, os objetos e a relação entre coleção, pesquisa e exposição, os discursos presentes na elaboração desta mídia e o papel do discurso biológico na constituição do discurso expositivo. Com base nos dados obtidos, três itens foram discutidos ao final. O primeiro refere-se às perspectivas educativas e comunicacionais das exposições estudadas. Percebeu-se que, dependendo da concepção da exposição, evidenciam-se estratégias expositivas orientadas para a transmissão ou para a recepção da informação. Entretanto, ressalta-se que não existem simplesmente museus "transmissores" ou museus fundamentados na "recepção", mas sim o uso de recursos que podem privilegiar uma ou outra perspectiva na interação com o público; além disso, nem sempre essas opções são conscientes entre os responsáveis pelas exposições. Outro aspecto analisado se relaciona ao jogo de constituição do discurso expositivo que ocorre na construção de bioexposições: o discurso expositivo se comporta de forma semelhante ao discurso pedagógico de Bernstein, pois desloca os outros discursos a partir de seus princípios e objetivos, assumindo as características de discurso recontextualizador. No entanto, ressalta-se que o discurso expositivo possui especificidades que o diferencia do discurso pedagógico escolar, resultante das relações entre o tempo, o espaço e os objetos nos museus, com implicações diretas sobre as regras avaliativas de constituição do discurso. Postula-se que o discurso expositivo é um discurso específico, que por possuir objetivos próprios e recolocar outros discursos a partir de sua própria lógica, acaba por se comportar como o discurso pedagógico. Por fim, discutiu-se as questões que se colocam hoje para expor a biologia nos museus. Após a análise do papel do discurso biológico na construção do discurso expositivo, se discutiu desafios, limites e possibilidades que a Biologia impõe para ser apresentada nas exposições e foram sugeridas perspectivas para se trabalhar a Biologia nos museus.
Esta pesquisa teve por objetivo compreender o processo de construção do discurso expositivo em exposições de museus de ciências que trabalham com temáticas ligadas à biologia. Foram caracterizados os diferentes discursos e saberes que estão em jogo nesta construção, identificando o que ocorre com o conhecimento científico ao ser expresso em exposições. A abordagem metodológica se fundamentou no referencial da pesquisa qualitativa e foram selecionadas cinco exposições dos seguintes museus: Museu de Zoologia, Museu de Anatomia Veterinária, Museu Oceanográfico, Estação Ciência, todos da Universidade de São Paulo (SP), e Museu da Vida - Espaço Biodescoberta, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ). Quanto ao referencial teórico, utilizou-se, inicialmente, o conceito de transposição didática proposto por Chevallard, mais especificamente de transposição museográfica indicado por Simmoneux e Jacobi, para discussão do processo de transformação do conhecimento científico. Com a percepção dos limites de aplicação desses conceitos, novos referenciais foram utilizados, e o foco da pesquisa se direcionou então para o estudo da construção do discurso expositivo e da relação entre este e os discursos científico e pedagógico. Utilizou-se o conceito de discurso pedagógico de Bernstein e referenciais do campo da comunicação em museus, a partir dos trabalhos de Davallon. A partir do estudo articulado da história da biologia e da história dos museus as exposições foram descritas e foram analisados elementos como os textos, os objetos e a relação entre coleção, pesquisa e exposição, os discursos presentes na elaboração desta mídia e o papel do discurso biológico na constituição do discurso expositivo. Com base nos dados obtidos, três itens foram discutidos ao final. O primeiro refere-se às perspectivas educativas e comunicacionais das exposições estudadas. Percebeu-se que, dependendo da concepção da exposição, evidenciam-se estratégias expositivas orientadas para a transmissão ou para a recepção da informação. Entretanto, ressalta-se que não existem simplesmente museus "transmissores" ou museus fundamentados na "recepção", mas sim o uso de recursos que podem privilegiar uma ou outra perspectiva na interação com o público; além disso, nem sempre essas opções são conscientes entre os responsáveis pelas exposições. Outro aspecto analisado se relaciona ao jogo de constituição do discurso expositivo que ocorre na construção de bioexposições: o discurso expositivo se comporta de forma semelhante ao discurso pedagógico de Bernstein, pois desloca os outros discursos a partir de seus princípios e objetivos, assumindo as características de discurso recontextualizador. No entanto, ressalta-se que o discurso expositivo possui especificidades que o diferencia do discurso pedagógico escolar, resultante das relações entre o tempo, o espaço e os objetos nos museus, com implicações diretas sobre as regras avaliativas de constituição do discurso. Postula-se que o discurso expositivo é um discurso específico, que por possuir objetivos próprios e recolocar outros discursos a partir de sua própria lógica, acaba por se comportar como o discurso pedagógico. Por fim, discutiu-se as questões que se colocam hoje para expor a biologia nos museus. Após a análise do papel do discurso biológico na construção do discurso expositivo, se discutiu desafios, limites e possibilidades que a Biologia impõe para ser apresentada nas exposições e foram sugeridas perspectivas para se trabalhar a Biologia nos museus.
Palavras Chave
museus de ciências, divulgação da biologia, discurso expositivo
museus de ciências, divulgação da biologia, discurso expositivo
Classificações
Nível escolar
Os dados são insuficientes para classificação.
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Área do conteudo
Biologia
Biologia
Foco Temático
Organização da Inst. Não-Escolar
Organização da Inst. Não-Escolar