Monitoria discente na física do ensino médio: Promovendo singularidades.
Título
Monitoria discente na física do ensino médio: Promovendo singularidades.
Monitoria discente na física do ensino médio: Promovendo singularidades.
Autor
Eraldo Rizzo de Oliveira
Eraldo Rizzo de Oliveira
Orientação
Yassuko Hosoume
Yassuko Hosoume
Instituição
USP
USP
Grau de Titulação
Mestrado
Mestrado
Unidade / Setor
Instituto de Física
Instituto de Física
Ano
2005
2005
Cidade / UF
São Paulo/SP
São Paulo/SP
Dependência Administrativa:
Estadual
Estadual
Resumo
Num mundo de constantes mudanças a efemeridade parece pautar o conjunto de valores que se desenham nas inter-relações sociais. Se por um lado conquistamos avanços preciosos em áreas técnico-científicas, a democratização e a humanização dessas conquistas se afiguram como dos maiores desafios de nossos tempos. Nesse contexto, a trama social forjada no microcosmo do ambiente escolar pode contribuir na construção de uma sociedade para além do estado de prontidão ao aperfeiçoamento permanente, o que subitamente poderia despertar uma competitividade com gana de conquistas a todo custo. A escola há de encontrar brechas na lógica da formação dos alunos para assumir de modo concreto e não só retórico, o desafio de criar ambientes que evidenciem os ganhos que podem ser obtidos com o exercício da cooperação e do crescimento mútuos balizados não por ideários metafísicos, mas por acordos entre sujeitos desejantes, uma vez que somos seres fadados à interdependência. A esperança expressa acima poderia ser interpretada como uma tendenciosa busca de racionalização das relações humanas que tecem a trama escolar, particularmente quando apela para o plano do consciente ao destacar os eventuais ganhos obtidos no exercício da cooperação dispensando qualquer ideário metafísico. Uma parte dessa tendência de fato se afigura, mas na verdade, quando se propõe o exercício colaborativo pela via dos acordos mútuos entre sujeitos desejantes pretende-se marcar esses acordos com o traço do inconsciente que nos move. Dessa forma, aquele desejo ingênuo de harmonia feita em posfácio às eventuais concordâncias formalizadas, se esvazia e dá lugar a um cenário de novas possibilidades, em que o não verbalizado tenha vez como elemento constitutivo da relação. Obviamente que operadores de análise mais apropriados devem ser sacados para que se visualizem os desejados ganhos educacionais. Entretanto, o desafio se torna gritante no momento da prática, das ações concretas que visam promover as singularidades detectadas no ambiente escolar. Dentre as várias possibilidades atitudinais que os alunos apresentam frente ao conhecimento, existem aquelas que demonstram as habilidades apropriadas para contribuir com os desafios acima. A detecção dessas singularidades seria o primeiro desafio do docente que, pautado por uma visão de mundo solidária, nem por isso ingênua, atuaria como vetor promotor de interações em que as negociações dos interesses das diversas partes envolvidas serviriam de substrato educacional para um convívio social em que todos se sentissem efetivamente partícipes e importantes. Implicando-se nessa prática, o docente se compromete com um gesto que, por força do ofício, se lhe esperaria que fosse deveras comum, mas que nessa proposta assume posição essencial para seu bom funcionamento: a escuta. Com isso em mente, se desenvolve há três anos (2002, 2003 e 2004), um projeto de monitoria discente de Física no Ensino Médio de uma escola particular de um bairro de classe média alta de São Paulo. Por enquanto, o sonho de se ter essa estratégia como o carro-chefe do projeto pedagógico escolar no qual cada professor teria sua equipe de monitores discentes está mesmo no plano do interlúdio, como algo que pulula temporariamente os ânimos de um ou outro professor, mas que acaba por não se efetivar quando compreendem as necessidades que essa estratégia bem implementada demanda. Com uma ênfase sobre o saber apreendido da experiência vivida, este estudo se abre com um convite reflexivo sobre uma experiência pedagógica particular, apresentando a trajetória percorrida para o forjamento de um modelo de monitoria mais adaptado às necessidades local. O modelo final formulado visa balizar as ações dos personagens dessa experiência nas duas dimensões psico-sociais: das funções psicológicas superiores, inspiradas por Paulo Freire e Vygotsky (logo, numa abordagem mais cognitivista com vistas à conquista da autonomia nos indivíduos), assim como as funções mais profundas que têm nos operadores psicanalíticos o potencial de tocar no mundo da subjetividade e no das intersubjetividades decorrentes da constituição dos sujeitos, tomando aqui uma adaptação do modelo de objetos transicionais e processos transicionais de Winnicott à situação de ilusão-desilusão dos alunos. É apresentada, em seguida, a experiência vivida por dois anos de aplicação do projeto (2002 e 2003), ficando a edição de 2004 no plano das intenções, das potencialidades e dos aprimoramentos suscetíveis do projeto. As conclusões aqui obtidas são do tipo suscitadoras de reflexões sobre o mundo em que vivemos e a forma como realizamos nossa arte. Este estudo de caso tem a esperança de alimentar o desejo de um ensino de ciências em que o aluno seja e se sinta protagonista, não naquilo que sua incompletude lhe limita, mas justamente na área a ser prospectada, desbravada e desenvolvida, contribuindo com um ambiente escolar mais envolvente, contextualizado e construtor de interações humanas numa perspectiva cidadã.
Num mundo de constantes mudanças a efemeridade parece pautar o conjunto de valores que se desenham nas inter-relações sociais. Se por um lado conquistamos avanços preciosos em áreas técnico-científicas, a democratização e a humanização dessas conquistas se afiguram como dos maiores desafios de nossos tempos. Nesse contexto, a trama social forjada no microcosmo do ambiente escolar pode contribuir na construção de uma sociedade para além do estado de prontidão ao aperfeiçoamento permanente, o que subitamente poderia despertar uma competitividade com gana de conquistas a todo custo. A escola há de encontrar brechas na lógica da formação dos alunos para assumir de modo concreto e não só retórico, o desafio de criar ambientes que evidenciem os ganhos que podem ser obtidos com o exercício da cooperação e do crescimento mútuos balizados não por ideários metafísicos, mas por acordos entre sujeitos desejantes, uma vez que somos seres fadados à interdependência. A esperança expressa acima poderia ser interpretada como uma tendenciosa busca de racionalização das relações humanas que tecem a trama escolar, particularmente quando apela para o plano do consciente ao destacar os eventuais ganhos obtidos no exercício da cooperação dispensando qualquer ideário metafísico. Uma parte dessa tendência de fato se afigura, mas na verdade, quando se propõe o exercício colaborativo pela via dos acordos mútuos entre sujeitos desejantes pretende-se marcar esses acordos com o traço do inconsciente que nos move. Dessa forma, aquele desejo ingênuo de harmonia feita em posfácio às eventuais concordâncias formalizadas, se esvazia e dá lugar a um cenário de novas possibilidades, em que o não verbalizado tenha vez como elemento constitutivo da relação. Obviamente que operadores de análise mais apropriados devem ser sacados para que se visualizem os desejados ganhos educacionais. Entretanto, o desafio se torna gritante no momento da prática, das ações concretas que visam promover as singularidades detectadas no ambiente escolar. Dentre as várias possibilidades atitudinais que os alunos apresentam frente ao conhecimento, existem aquelas que demonstram as habilidades apropriadas para contribuir com os desafios acima. A detecção dessas singularidades seria o primeiro desafio do docente que, pautado por uma visão de mundo solidária, nem por isso ingênua, atuaria como vetor promotor de interações em que as negociações dos interesses das diversas partes envolvidas serviriam de substrato educacional para um convívio social em que todos se sentissem efetivamente partícipes e importantes. Implicando-se nessa prática, o docente se compromete com um gesto que, por força do ofício, se lhe esperaria que fosse deveras comum, mas que nessa proposta assume posição essencial para seu bom funcionamento: a escuta. Com isso em mente, se desenvolve há três anos (2002, 2003 e 2004), um projeto de monitoria discente de Física no Ensino Médio de uma escola particular de um bairro de classe média alta de São Paulo. Por enquanto, o sonho de se ter essa estratégia como o carro-chefe do projeto pedagógico escolar no qual cada professor teria sua equipe de monitores discentes está mesmo no plano do interlúdio, como algo que pulula temporariamente os ânimos de um ou outro professor, mas que acaba por não se efetivar quando compreendem as necessidades que essa estratégia bem implementada demanda. Com uma ênfase sobre o saber apreendido da experiência vivida, este estudo se abre com um convite reflexivo sobre uma experiência pedagógica particular, apresentando a trajetória percorrida para o forjamento de um modelo de monitoria mais adaptado às necessidades local. O modelo final formulado visa balizar as ações dos personagens dessa experiência nas duas dimensões psico-sociais: das funções psicológicas superiores, inspiradas por Paulo Freire e Vygotsky (logo, numa abordagem mais cognitivista com vistas à conquista da autonomia nos indivíduos), assim como as funções mais profundas que têm nos operadores psicanalíticos o potencial de tocar no mundo da subjetividade e no das intersubjetividades decorrentes da constituição dos sujeitos, tomando aqui uma adaptação do modelo de objetos transicionais e processos transicionais de Winnicott à situação de ilusão-desilusão dos alunos. É apresentada, em seguida, a experiência vivida por dois anos de aplicação do projeto (2002 e 2003), ficando a edição de 2004 no plano das intenções, das potencialidades e dos aprimoramentos suscetíveis do projeto. As conclusões aqui obtidas são do tipo suscitadoras de reflexões sobre o mundo em que vivemos e a forma como realizamos nossa arte. Este estudo de caso tem a esperança de alimentar o desejo de um ensino de ciências em que o aluno seja e se sinta protagonista, não naquilo que sua incompletude lhe limita, mas justamente na área a ser prospectada, desbravada e desenvolvida, contribuindo com um ambiente escolar mais envolvente, contextualizado e construtor de interações humanas numa perspectiva cidadã.
Palavras Chave
ensino medio, metodos de ensino, pedagogia-monitoria
ensino medio, metodos de ensino, pedagogia-monitoria
Classificações
Nível escolar
Ensino Médio
Ensino Médio
Área do conteudo
Física
Física
Foco Temático
Conteúdo-Método
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