Transposição didática no campo da indústria cultural: um estudo dos condicionantes dos conteúdos de Ciências nos livros didáticos

Título
Transposição didática no campo da indústria cultural: um estudo dos condicionantes dos conteúdos de Ciências nos livros didáticos
Educação
Autor
Maria Aparecida de Souza Perrelli
Orientação
Edel Ern
Instituição
UFSC
Grau de Titulação
Mestrado
Unidade / Setor
Centro de Ciências da Educação
Ano
1996
Cidade / UF
Florianópolis/SC
Dependência Administrativa:
Federal
Resumo
O propósito deste trabalho é investigar alguns condicionantes dos conteúdos dos livros didáticos de Ciências. O estudo foi feito a partir de informações obtidas através de diversos documentos e depoimentos de alguns autores de livros e também de elementos teóricos encontrados em trabalhos de Yves Chevallard, Theodor Adorno e Pierre Bourdieu. O conceito de "Indústria Cultural", de Adorno, e o de "Campo", de Bourdieu, permitiram a composição da ideia de "Campo da Industria Cultural" como "lócus" de produção do livro didático. Este Campo é sustentado pela dinâmica da luta entre os seus agentes e pela crença de que o livro didático é mercadoria. Esta situação condiciona o tipo de conteúdo produzido para os livros didáticos, refletindo neles os imperativos do mercado (efeitos técnicos e estéticos acessíveis facilmente, exclusão de temas controversos e chocantes, o estereotipo do consumidor-padrão, a relação custo-beneficio) além das lutas entre os agentes no Campo (o poder de definição dos conteúdos por aquele que detém o capital econômico). Como agentes do Campo, os autores de livros trabalham no sentido de adequar o discurso científico para a escola e sofrem, além das pressões do Campo, as pressões próprias daquilo que Chevallard denomina "Transposição Didática". Com essa compreensão, foram identificados como possíveis condicionantes dos conteúdos dos livros: o saber de referência (as fontes de consulta dos autores), a atuação da noosfera (as intervenções das Instituições de Ensino Superior e da comunidade escolar) e as crenças que sustentam as Propostas Curriculares e os livros que nelas se ancoram (a opção pelos saberes ensináveis, a ficção de correspondência entre o tempo legal e real de aprendizagem e a necessidade de articulação entre o velho e o novo). Apesar das limitações impostas pelos imperativos do Campo e pela Transposição Didática, aponto para a possibilidade de mudanças nos conteúdos veiculados nos livros pela via do funcionamento do capital cultural do autor, além do conhecimento do funcionamento do Campo como condição necessária para a `tomada de consciência` e, desta forma, para a prática da liberdade.
Palavras Chave
Indústria Cultural; Campo; Livro Didático

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