O Tema Comportamento no Ensino de Biologia.
Título
O Tema Comportamento no Ensino de Biologia.
O Tema Comportamento no Ensino de Biologia.
Ensino em biociências e saúde
Autor
Filipe Cavalcanti da Silva Porto
Filipe Cavalcanti da Silva Porto
Orientação
Mauricio Roberto Motta Pinto da Luz
Mauricio Roberto Motta Pinto da Luz
Instituição
FIOCRUZ
FIOCRUZ
Grau de Titulação
Doutorado
Doutorado
Ano
2008
2008
/RJ
Dependência Administrativa:
Federal
Federal
Resumo
Esta tese tem por objetivo discutir o ensino do tema Comportamento na disciplina Biologia com o objetivo de superar o conflito natureza versus cultura. Este conflito é aqui definido como a visão, por vezes dicotômica, que, historicamente, a dupla condição animal e cultural da espécie humana é tratada; ora pela sua faceta biológica pela Biologia, ora pela sua vertente sócio-cultural pelas ciências humanas. Essa ruptura se expressa muitas vezes tanto no contexto das ciências ligadas ao comportamento humano quanto no das disciplinas escolares e parece sugerir que esses aspectos da humanidade são completamente independentes um do outro. Em conseqüência, repassa-se aos alunos do ensino médio uma visão fragmentada da natureza humana. Por outro lado, a Biologia Evolutiva vem há mais de quarenta anos desenvolvendo teorias e dados empíricos em diversas frentes (por exemplo: Neurociências e Psicologia Evolutiva) que sugerem que esse hiato pode ser superado. Se admitirmos que o ensino de Evolução (por sua centralidade para a compreensão da Biologia) e a espécie humana (pelo maior interesse que desperta nos alunos) devem ser uma das prioridades do ensino de Biologia, então o debate natureza/cultura deveria fazer parte dos conteúdos dessa disciplina. Nossa abordagem para esse problema se deu em três etapas. Na primeira avaliamos quantitativamente, por questionários, a visão de estudantes do ensino médio e universitários sobre as origens do comportamento humano. Percebemos que a dicotomia natureza/cultura ainda se encontra presente e deslocada para o pólo cultura desse continuum. Observamos também que essa visão é a mesma entre alunos que optam ao final do ensino médio por cursos universitários de diferentes áreas. Este ponto de vista também não se altera, quando comparamos os universitários próximos ao final do curso com os calouros, independentemente da área a que pertençam esses alunos. Numa segunda etapa, buscamos uma explicação para os resultados acima, analisando livros didáticos de Biologia e notícias científicas publicadas na imprensa brasileira. Descobrimos que os livros didáticos praticamente não tratam do debate cultura/natureza, e quando o fazem tendem a valorizar os aspectos culturais da natureza humana em detrimento dos evolutivos. Ao contrário, a imprensa tem ultimamente valorizado a cobertura de matérias científicas que abordam a importância de nossa herança filogenética para o comportamento. A última fase da pesquisa analisa os resultados de experiências didáticas, onde temas do debate natureza/cultura foram tratados em sala de aula. Em virtude dos dados obtidos nas primeiras etapas da pesquisa, essas experiências enfatizaram os aspectos evolutivos da natureza humana com o objetivo de contribuir para a construção de uma visão menos dicotômica da natureza humana por parte dos alunos. O sucesso dessas atividades foi medido quantitativamente por pré e pós-testes. Percebemos que uma parcela dos alunos é sensível à argumentação evolutiva e passa a apresentar uma visão mais intermediária da natureza humana, enquanto outra tende a permanecer com uma visão ainda polarizada para o pólo cultura deste continuum. Discutimos o conjunto desses resultados à luz dos problemas relativos à seleção de conteúdos que envolvem o ensino de Biologia e da construção histórica da disciplina escolar Biologia.
Esta tese tem por objetivo discutir o ensino do tema Comportamento na disciplina Biologia com o objetivo de superar o conflito natureza versus cultura. Este conflito é aqui definido como a visão, por vezes dicotômica, que, historicamente, a dupla condição animal e cultural da espécie humana é tratada; ora pela sua faceta biológica pela Biologia, ora pela sua vertente sócio-cultural pelas ciências humanas. Essa ruptura se expressa muitas vezes tanto no contexto das ciências ligadas ao comportamento humano quanto no das disciplinas escolares e parece sugerir que esses aspectos da humanidade são completamente independentes um do outro. Em conseqüência, repassa-se aos alunos do ensino médio uma visão fragmentada da natureza humana. Por outro lado, a Biologia Evolutiva vem há mais de quarenta anos desenvolvendo teorias e dados empíricos em diversas frentes (por exemplo: Neurociências e Psicologia Evolutiva) que sugerem que esse hiato pode ser superado. Se admitirmos que o ensino de Evolução (por sua centralidade para a compreensão da Biologia) e a espécie humana (pelo maior interesse que desperta nos alunos) devem ser uma das prioridades do ensino de Biologia, então o debate natureza/cultura deveria fazer parte dos conteúdos dessa disciplina. Nossa abordagem para esse problema se deu em três etapas. Na primeira avaliamos quantitativamente, por questionários, a visão de estudantes do ensino médio e universitários sobre as origens do comportamento humano. Percebemos que a dicotomia natureza/cultura ainda se encontra presente e deslocada para o pólo cultura desse continuum. Observamos também que essa visão é a mesma entre alunos que optam ao final do ensino médio por cursos universitários de diferentes áreas. Este ponto de vista também não se altera, quando comparamos os universitários próximos ao final do curso com os calouros, independentemente da área a que pertençam esses alunos. Numa segunda etapa, buscamos uma explicação para os resultados acima, analisando livros didáticos de Biologia e notícias científicas publicadas na imprensa brasileira. Descobrimos que os livros didáticos praticamente não tratam do debate cultura/natureza, e quando o fazem tendem a valorizar os aspectos culturais da natureza humana em detrimento dos evolutivos. Ao contrário, a imprensa tem ultimamente valorizado a cobertura de matérias científicas que abordam a importância de nossa herança filogenética para o comportamento. A última fase da pesquisa analisa os resultados de experiências didáticas, onde temas do debate natureza/cultura foram tratados em sala de aula. Em virtude dos dados obtidos nas primeiras etapas da pesquisa, essas experiências enfatizaram os aspectos evolutivos da natureza humana com o objetivo de contribuir para a construção de uma visão menos dicotômica da natureza humana por parte dos alunos. O sucesso dessas atividades foi medido quantitativamente por pré e pós-testes. Percebemos que uma parcela dos alunos é sensível à argumentação evolutiva e passa a apresentar uma visão mais intermediária da natureza humana, enquanto outra tende a permanecer com uma visão ainda polarizada para o pólo cultura deste continuum. Discutimos o conjunto desses resultados à luz dos problemas relativos à seleção de conteúdos que envolvem o ensino de Biologia e da construção histórica da disciplina escolar Biologia.
Palavras Chave
Ensino de Biologia; Ensino de Evolução; Comportamento
Ensino de Biologia; Ensino de Evolução; Comportamento
Classificações
Nível escolar
Ensino Médio
Ensino Médio
Área do conteudo
Biologia
Biologia
Foco Temático
Conteúdo-Método
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